1ª semana da Quaresma
Primeira Leitura (Jn 3,1-10)
Responsório (Sl 50)
Evangelho (Lc 11,29-32)
Vamos meditar a primeira leitura. Em 587 a.C., Jerusalém é conquistada e destruída pelos babilônios, o rei é deportado com o povo e ficará no exílio por setenta anos. Os profetas anunciam que, como Jerusalém será destruída, a Babilônia também será destruída. O Salmo137 termina com as palavras: “Babilônia devastadora… abençoado é aquele que vai levar seus filhos e esmagá-los contra a pedra”. Isso foi vivido no exílio.
Após 70 anos, começa o retorno dos judeus da Babilônia a Israel. O retorno significa reconstruir e retomar tradições, reconstruir a identidade ferida, mais de um século depois, Esdras e Neemias consolidam seu retorno. A comunidade corre o risco de ser entregue a si mesma, obcecada com a recuperação de tradições antigas. A preocupação com a pureza da raça santa (zera’ ha-qodesh), a distância de outros povos (goyim), pagãos impuros. A escolha de Deus pelo seu povo é considerada mais um privilégio do que como uma responsabilidade.
Neste momento histórico nasceu o livro de Jonas, um escriba desconhecido escreve três folhas, que levantam questões. Séculos antes havia um profeta chamado Jonas (na época de Jeroboão II) no qual o escriba atribuiu o livreto para aquele profeta para dar autoridade à história.
Israel é o povo escolhido, é o filho primogênito. Jonas em hebraico significa pomba, na Bíblia só Israel tem o nome de pomba. Contudo, o Senhor, mostra que tem misericórdia de Nínive, a cidade pagã e grande, de seus habitantes pagãos, que não sabem discernir e até mesmo de seus animais. Aqui está a revelação da misericórdia e compaixão de Deus e a conversão dos corações do povo judio e do povos pagãos. Imagine este livreto circulando em Israel enquanto Esdra e Neemias tinham expulsado todos os pagãos e provocado o cisma de Samaria quando um filho do sumo sacerdote tinha ido para Samaria para Garizim para não abandonar sua esposa não-judia.
Esta mensagem radical de humildade e conversão está no coração de Israel. Israel lê uma vez por ano este livreto de dois mil e quinhentos anos atrás no dia do Yom Kippur (Dia do Perdão), quando Israel pede a Deus perdão de seus pecados, de sua presunção, de seu orgulho. A verdade não se procura sem os outros ou contra os outros, mas com humildade, com Deus e com nossos irmãos e irmãs.
Deus abençoe,
Giambattista Diquattro – Núncio Apostólico