Comunidade Canção Nova – Cachoeira Paulista/SP – 26 de janeiro de 2025

Jesus chega a Nazaré, o lugar onde passou trinta anos de sua vida, vivendo a simplicidade do cotidiano. Esse é o cenário da realização do Evangelho, o lugar da vida cotidiana. Com emoção, ele entra na sinagoga, o espaço onde aprendeu a conhecer e a ler a Palavra de Deus, o centro de sua vida espiritual, onde ouviu a Palavra de Deus por tantos anos.

Lá, Jesus entra na Sinagoga no dia de sábado, um dia especial de celebração que comemora o cumprimento da criação; o dia que todos anseiam alcançar, a plenitude da vida.

O sábado é como a antecipação da festa, da alegria, do descanso. No sábado não se trabalha; é o dia da celebração, onde come-se, bebe-se, banqueteia-se e ouve-se a Palavra. O homem foi feito para isso.

Na sinagoga, a cena começa com Jesus se levantando, abrindo o livro e, em seguida, fechando-o e sentando-se. No meio desse ato solene, está a leitura da passagem das Escrituras Sagradas. Jesus se levanta para ler. A leitura, em grego, é chamada de “reconhecimento”, porque ler significa reconhecer as palavras que já se aprendeu a ler, mas também reconhecer a realidade por trás das palavras.

E a palavra levantou-se, é como ressurgiu. O Jesus que se levanta é o Jesus que ressuscita; o Jesus que lê é o Cristo ressuscitado que interpreta as Escrituras, revelando que n’Ele toda as Escrituras se cumprem.

Vamos nos imaginar entrando na Sinagoga de Nazaré, a aldeia onde Jesus cresceu até os trinta anos de idade. O que acontece ali é um evento importante, que descreve a missão de Jesus. Ele inicia sua pregação, se levantando para ler as Escrituras Sagradas. Jesus abre o rolo do profeta Isaías e encontra a passagem referente ao Messias, que proclama uma mensagem de consolação e libertação para os pobres e oprimidos (cf. Is 61,1-2). Ele, então, diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim; por isso ele me ungiu e me enviou para levar a Boa-Nova aos pobres” (Lc 4,18).

Evangelizar os pobres: essa é a missão de Jesus, de acordo com o que Ele diz; essa também é a missão da Igreja e de cada pessoa batizada na Igreja. Ser cristão e ser missionário são a mesma coisa.

Proclamar o Evangelho, pela palavra e, primeiramente, através da vida, é o objetivo fundamental da comunidade cristã e de cada um de seus membros. Podemos observar que Jesus dirige a Boa Nova a todos, sem excluir ninguém, dando especial atenção aos mais distantes, aos que sofrem, aos doentes e aos rejeitados pela sociedade.

Evangelizar os pobres significa, antes de tudo, aproximar-se deles com a alegria de servi-los e libertá-los de sua opressão, tudo isso em nome e com o Espírito de Cristo. Ele é o Evangelho de Deus, a Misericórdia de Deus, a libertação de Deus. Ele é aquele que se fez pobre para nos enriquecer com Sua pobreza. O texto de Isaías, reforçado por pequenas adaptações introduzidas por Jesus, indica que a proclamação messiânica do Reino de Deus que veio entre nós é dirigida preferencialmente aos marginalizados, aos prisioneiros, aos oprimidos.

Então, após um momento de silêncio carregado de expectativa, no qual “os olhos de todos estão fixos n’Ele” (v. 20), Jesus declara, para o espanto geral: “Hoje se cumpriu esta Escritura que acabastes de ouvir” (v. 21).

Vamos refletir sobre este: hoje. É a primeira palavra da pregação de Jesus registrada no Evangelho de Lucas. Pronunciada pelo Senhor, ela indica um “hoje” que abrange todas as épocas permanecendo sempre válido. A Palavra de Deus é sempre “hoje”. Quando lemos a Palavra de Deus, um “hoje” começa em nossa alma, desde que a entendamos bem.

Hoje. A profecia de Isaías era de séculos atrás, mas Jesus, “pelo poder do Espírito” (v. 14), a torna atual e, acima de tudo, a realiza e mostra a importância de receber a Palavra de Deus no presente: hoje. Não apenas como uma história antiga, mas como uma mensagem viva que, hoje, fala diretamente ao nosso coração.

Os conterrâneos de Jesus ficam impressionados com suas palavras. Embora, ofuscados pelo preconceito, não acreditem nele, percebem que seu ensino é diferente dos outros mestres (cf. v. 22). Eles sentem que há algo a mais em Jesus. O quê? É a unção do Espírito Santo. Jesus nos enche de significado, de vida, de alegria, com o poder do seu Espírito Santo, o hoje de ontem, o presente, o eterno.