5ª semana da Quaresma
Primeira Leitura (Gn 17,3-9)
Responsório (Sl 104,4-9)
Evangelho (Jo 8,51-59)
O Senhor fala de sua morte e de nossa morte. O Pai o libertou da morte, Ele nos liberta da morte. O Pai o entregou por sua obediência e Ele nos entrega por nossa obediência. Ele veio para nos livrar daquela morte eterna que é compartilhada pelo diabo com seus seguidores.
Esta é a verdadeira morte, a outra, como diz a liturgia, é apenas uma passagem. Aquele que guarda a Palavra de Deus não verá a morte, aquele que se torna inadimplente da Palavra de Deus e negligente em guardá-la em seu coração está na morte.
O salmista no Salmo 88 se perguntava qual homem poderia viver a ponto de não ver a morte, e o Senhor dá sua resposta: aquele que guarda a palavra de Deus não vê a morte. Guardar significa não apenas aderir com fé, mas aderir com pureza de vida. Assim, aquele que está sem pecado nos revela o significado da morte.
A consideração dos adversários é inspirada pelo raciocínio histórico é lógica. Em contraste, a explicação do Senhor é baseada em um conhecimento confiável do poder de Deus. Eles falam da morte natural e Jesus fala do que São Francisco chamaria a segunda e última morte. Eles se referem ao passado (Abraão e os profetas) e Jesus se refere a herança final de Deus. Ele é o pão que é eterno, ele é a Sabedoria com cuja beleza seremos saciados para sempre.
Os adversários do Senhor falam de uma morte experimentada, o Senhor diz que ele nos preservará de experimentar a morte e repete isso no Evangelho de Mateus no capítulo 16 versículo 28.
Nas palavras dos judeus há uma sensação de plenitude e vanglória ao se referirem pai Abraão e há também uma sensação de impotência diante da morte porque é considerada apenas em seu aspecto corporal. Daí a pergunta arrogante: quem você pretende ser?
Vemos toda a cegueira dos adversários do Senhor: Abraão estava morto no corpo, mas sua alma continua viva. A pergunta é também uma manifestação da incompreensão da identidade do Senhor que nada reivindica de si mesmo, mas recebeu tudo do amor do Pai. Com as seguintes palavras o Senhor manifesta que a glória na vida presente não vale nada, Ele se refere à glória em sua totalidade como origem, como energia e como destino final no Pai. O Pai glorificou o Filho em seu batismo, na Transfiguração, na paixão quando a cruz se tornou a cátedra do Senhor, quando o ressuscitou dos mortos e o exaltou à sua direita.
O Evangelho deste dia nos oferece uma visão da paixão de Cristo à luz da graça de Deus e nos convida a viver cada dia nessa mesma luz.
Deus abençoe,
Giambattista Diquattro – Núncio Apostólico